A sua empresa é inteligente ou somente descasca melhor as laranjas?

 

Laranja

 

A organização inteligente frequentemente é avaliada de acordo com a competência de seus membros. Mas será que somente a somatória da competência dos indivíduos determina a eficácia geral de um negócio?

O que é afinal competência?

Ao estudar com mais profundidade este assunto percebemos que o conceito de competência, no sentido como é hoje aceito ao analisar as organizações,  foi influenciado graças a contribuição dada  por Prahalad e Hamel no artigo The core competence of the corporation, publicado na Harvard Business Review em 1990. A definição estipulada por eles  foi: "competência é o aprendizado coletivo na organização, especialmente como coordenar as diversas habilidades de produção e integrar as múltiplas correntes de  tecnologias".

Normalmente a visão tradicional na prática nos diz que é o  mapeamento dos Conhecimentos, Habilidades e Atitudes das pessoas. Sendo:

* Conhecimentos  -> Informação   Saber o quê  Saber o porquê

....é o fato ou a condição de conhecer algo com a familiaridade obtida através de aprendizado e experiência...

* Habilidades ->    Técnica   Capacidade   Saber como

.....é a capacidade de usar o conhecimento e a forma eficaz e eficiente na execução ou desempenho em uma função......

* Atitudes ->  Querer fazer   Identidade  Determinação

.....são os sentimentos positivos e mente aberta em relação a um fato ou situação.....

 

Por exemplo, ao se tratar do papel de Gerente de Projetos, de acordo com um exame conduzido por Posner, citado por Verma (1995), com 287 gerentes de projeto americanos, envolvidos em projetos de pequeno e médio porte, as habilidades e as técnicas bem-sucedidas de gerência do projeto podem ser sumarizadas em  seis  habilidades,  com  seus  atributos  e  comportamentos,  são  elas: 

Comunicação (84%) - escutar, persuadir e comunicar;
Organização  (75%) - planejamento, objetivo e análise;
Construção de Time (72%) - empatia, motivação e espírito de equipe;
Liderança (64%) - exemplo  constante, energia, visão, delegação, positividade/otimismo;
Pessoal (59%) - flexibilidade, criatividade, paciência, persistência e
Tecnológica (46%) - experiência e conhecimento do ambiente do projeto.

A estas habilidades poderímos tranquilamente acrescentar a capacidade de negociação, dado que é um requerimento fundamental para este papel.

Mais detalhes sobre projetos podem ser acessados através do seguinte link:
http://www.grupotreinar.com.br/treinamentos.aspx?a=1239


Quando se trata de vendas, desenvolvimento de mercado ou de negócios, as habilidades exigidas mudam:
Prospecção - (encontrar as pessoas que precisam de nos, mesmo que elas não saibam.)
Alinhamento - (com as necessidade dos compradores.)
Necessidade de desenvolvimento -  (como criar uma visão na mente do comprador quando as necessidades ainda são latentes.)
Qualificação -  (quantas oportunidades você realmente pode gerenciar, Qualidade x Quantidade. Não é melhor fazer uma boa  qualificação  antes do que investir  seu tempo 9 meses e perder ?)
Controle - (quando uma oportunidade tem realmente chance de acontecer?      controle o processo de compra,  coloque-o dentro da seqüência de eventos do    Ciclo de vendas.)
Negociação - (sempre deve haver uma troca com seu comprador, você cede, ele cede.)


Mais detalhes sobre Técnicas de Vendas e Negociação de Projetos Empresariais acesse o nosso conteúdo específico através do seguinte link:
http://www.grupotreinar.com.br/treinamentos/marketing-vendas/curso-tecnicas-de-vendas-e-negocia%C3%A7%C3%A3o-de-projetos-empresariais.aspx

 

Outra abordagem de forma diferenciada foi proposta por Philippe Zarifian, que destaca três características do sistema produtivo atual de grande importância para o entendimento dos desafios da gestão por competência:

* A primeira é a noção de incidente, que representa a capacidade de    convivência   (e sobrevivência) com a imprevisibilidade, cuja ocorrência, que está cada vez mais frequente,  altera as rotinas produtivas. Os incidentes, devido à complexidade que marca estes tempos, fogem à capacidade de previsão e auto regulação dos sistemas produtivos tradicionais;


* A segunda característica é a crescente importância assumida pela comunicação, dada a facilidade e diversificação de meios, como também as organizações estarem cada vez mais assumindo estruturas matriciais diversificadas, onde os papéis se sobrepõem, ora somos gerentes funcionais ora somos gerentes de equipes focadas em projetos.  Assim, a  aquisição de competências relacionadas ao relacionamento interpessoal é a consequência mais imediata dessa situação. Faz-se necessária, também, a abertura para a constante interação e troca de informações com outras pessoas, setores da organização e com o ambiente externo. Mais do que uma capacidade, tal abertura representa uma atitude que precisa ser assumida e desenvolvida;


* A noção de que todos os trabalhos representam uma forma de prestação de serviço a alguém é a terceira característica destacada por Zarifian. Cada pessoa deve estar consciente que sua missão no trabalho não é apenas desempenhar as tarefas que lhe são atribuídas ou cumprir normas e rotinas estabelecidas. O que importa é a capacidade que a pessoa possui para atender às necessidades de seus clientes internos e externos(colaboração), por um lado, todavia por outro lado todos devem estar alinhados à estratégia geral da organização.

Assim, a atitude esperada de todos é que a convergência e a colaboração entre as pessoas, não somente pelas vias racionais, mas também criando condições para que haja ambientes de criação que proporcionem a oportunidade de mudanças de modelos mentais, levem a organização a reagir mais rápido e de maneira mais eficaz que a concorrência de forma contínua e portando de maneira não traumática, se assim pode-se dizer.

Na medida em que cria condições para os indivíduos alinharem as suas capacidades cognitivas às suas capacidades intuitivas surge novas interpretações sobre velhos dilemas e consequentemente novas evidências são percebidas. Neste momento a alma da inovação se torna dominante através de uma nova inteligência, uma nova maneira de interpretar a realidade e uma nova maneira de pensar no futuro.  De criar um futuro disruptivo, em oposição a um presente contínuo cinza e árido.

Segundo Kugler, o que diferencia as empresas inovadoras e alertas, das demais empresas, é a competência analítica - que é uma competência opcional.  Não se pode obrigar de forma ditatorial uma determinada organização a ser mais inteligente e resiliente ou camaleônica, pois tudo é muito volátil e o que parecia ser o mais "correto" e "inteligente" ontem, do ponto de vista competitivo, pode se tornar obsoleto  no dia seguinte.

O desenvolvimento da competência analítica é, portanto, um esforço voluntário, graças ao qual a organização será capaz de interpretar indícios - mudanças no mercado, adoção de novas tecnologias, surgimento de novos competidores, agravamento de restrições, mudanças de comportamento de consumo - e reposicionar as prioridades estratégicas e a alocação de recursos em função do aprendizado adquirido. Conforme nos alertou Ralph Kimball, se uma organização optar por não ter business intelligence...então ela terá business ignorance...

Sua empresa é inteligente bastante para inventar um novo espremedor de laranjas ou sempre melhora a qualidade das facas para uso pelos descascadores em seu dia-a-dia em busca das necessárias  vitaminas vitais?

 

Fontes:

VERMA, Vijay K. The Human Aspects of Project Management - Vol. Two. Human Resource Skills for the Project Manager. Pennsylvânia: Project Management Institute - PMI, 1996.

Breen, Gary Hamel. The future of Management   

Kimball, Ralph. The Data Warehouse Toolkit  

ZARIFIAN, P. Objetivo competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas, 2001  

Kugler, José Luiz. Competência Analítica.

   

 

 

Recomende

Comente