Ninguém discute que personalizar o ensino de acordo com as
necessidades de cada aluno é o cenário ideal para a aprendizagem.
Na prática, os desafios surgem pelo tamanho das turmas, pelas
restrições de tempo dos professores e pela diversidade de alunos no
mesmo grupo, cada um com um background diferente. Para superar
esses obstáculos, a tecnologia é grande aliada, especialmente no
que diz respeito às possibilidades da análise de dados. Essa é
a defesa de Nick Sheltrown e Arthur
VanderVeen, especialistas em software para educação.
Sobretudo quando tentam personalizar as lições entregues aos
alunos dentro de uma instituição que mantém as estruturas e
dinâmicas tradicionais de ensino, os professores precisam de
auxílio. Trabalhando com o currículo padrão dentro da sala de aula
ortodoxa, os educadores precisam se desdobrar para atender aos
anseios de dezenas de estudantes ao mesmo tempo. Como é humanamente
impossível dedicar horas de atenção a cada indivíduo, a tecnologia
serve para manter registros pessoais e atualizados de cada aluno,
arquivando seus dados relevantes da vida acadêmica, como faz
o Blackboard Analytics, solução para o ensino
superior.
Esses arquivos logo se tornam um mar de informações, no qual
pode ser difícil pescar exatamente o que se busca. Felizmente,
novos aplicativos inteligentes podem aplicar filtros que selecionam
as informações das quais os professores realmente precisam. Esse
trabalho conjunto entre o educador e a máquina é bastante comum na
educação mista, que prevê aulas tradicionais complementadas por
tarefas e conteúdo online. Enquanto os professores dão aulas
expositivas, as plataformas virtuais podem medir os níveis de cada
aluno e personalizar o ritmo das tarefas, bem como a sequência de
atividades a serem realizadas. Depois, na sala de aula, com os
resultados do desempenho online, o professor ainda pode agrupar os alunos conforme suas
habilidades e necessidades.
Análise de dados na educação
Para conseguir personalizar as atividades de centenas de alunos,
cada um em seu próprio nível de desempenho, e gerar diferentes
objetivos a cada semana, os sistemas de dados se baseiam em mapas
de conhecimentos e modelos estudantis. Com as informações a
respeito do comportamento do aluno e com a "localização" de onde se
ele encontra no mapa do conteúdo a ser aprendido, o sistema
determina qual o melhor tipo de tarefa para cada acesso.
Claro que o mapa do conhecimento ainda precisa ser gerado por um
ser humano. Cabe ao professor estabelecer os conceitos, as conexões
entre o conteúdo e as habilidades que o aluno deve adquirir para
ser considerado apto a passar ao próximo nível. O sistema vai girar
as engrenagens que fazem as aulas evoluírem, apresentando novos
conteúdos conforme o andamento do estudante.
Os estudantes, por sua vez, tendem a se encaixar em certos
padrões: alguns são mais independentes, alguns aprendem melhor com
repetições enquanto outros precisam de novidades, uns avançam passo
a passo e outros preferem trabalhar com mais de um conceito ao
mesmo tempo. O sistema registra os comportamentos de cada aluno e
constrói modelos estudantis, unindo, depois, os métodos indicados e
os trajetos do mapa de conteúdo de forma única para cada aluno.
Alguns sistemas são capazes de aprender empiricamente a partir
dos comportamentos dos alunos. Conforme os resultados obtidos nas
tarefas online, a plataforma pode melhor se adaptar a cada contexto
de aprendizagem, registrando as estratégias de maior sucesso. A
principal vantagem se torna visível quando comparamos ao cenário
anterior. Sem a capacidade de processamento de dados de um sistema
inteligente, o professor dependia da aplicação de provas e testes
para medir o nível de conhecimento de alunos, mas estas provas eram
idênticas para a turma inteira, assim como todas as aulas, o que
resultava em uma abordagem que poderia ser apropriada para muitos,
mas nunca para todos os estudantes.
Novos desafios
Coletar dados é bastante fácil desde que se tenha memória
suficiente para armazenamento. Os desafios da análise de dados é
separar o relevante do resto. Com cada vez mais alunos dotados de
dispositivos móveis e a educação online ganhando espaço, os
sistemas precisarão se tornar sempre mais inteligentes.
Ao lado da capacidade de processamento, deverá estar a
preocupação com a segurança e o sigilo das informações. O histórico escolar é,
afinal, de propriedade exclusiva do próprio aluno e não pode ser
distribuído livremente. Embora a ideia de ensino mediado por
computadores não seja uma novidade, a proliferação da tecnologia é
recente e nos trará cenários ainda nem imaginados.
Além dos desafios técnicos, pode haver a barreira da adesão dos
próprios professores e alunos. Uma boa dose de treinamento pode ser
necessária para que todos se sintam à vontade com as novas
ferramentas. Os professores devem saber como as plataformas
funcionam e quepossibilidades se abrem com a tecnologia. Os
alunos precisam entender quais dados são armazenados e com que
finalidade, para que se sintam seguros no uso de programas
online.
Em resumo, são tempos de aprendizado para todos: alunos,
professores e desenvolvedores de sistemas. Assim como a integração
entre aulas presenciais e online é peça chave para o sucesso da
educação mista, a colaboração entre todos os interessados em
plataformas de análise de dados educacionais será o diferencial na
construção de melhores cursos.
Fontes: Desafios da Educação
http://www.desafiosdaeducacao.com.br/ensino-futuro-personalizacao-por-meio-da-analise-de-dados/