Segundo Michell Zappa, estrategista sueco que
palestrou no 1º Encontro de Tendências e Evolução em Tecnologias
Aplicadas à Educação sob o tema O Impacto das Tecnologias
Emergentes na Área Educacional, a tecnologia evolui muito
rapidamente e influencia a maneira como as pessoas se relacionam,
compram e aprendem - fatores que também interferem em salas de
aula. "A educação é a área que mais sofre com as consequências dos
avanços tecnológicos. Hoje, a maioria dos professores não fala a
língua dos alunos e também não detém toda a informação que eles
precisam. Por isso, o modelo educacional tem de mudar."
Zappa lembra que o mundo está mais acelerado a cada dia - e esse
ritmo que não vai parar, tampouco diminuir. "Temos de nos adaptar e
aprender a lidar com isso para acompanhar a evolução", garante. Sua
opinião vai ao encontro da proposta de Marc
Prensky, especialista em educação e tecnologia que esteve no
Brasil, a convite da Fundação Telefônica, durante a última edição
da Campus Party.
De acordo com Prensky, é preciso mudar toda a educação, o que vai
muito além da simples adoção da tecnologia em salas de aula. "O
mundo todo está em uma má situação em termos de educação e isso
acontece porque educamos para um contexto que não existe mais",
defende. Ele explica que não precisamos mais de matemática, ciência
e física da maneira como acontecia na época em que tais matérias
foram inseridas no currículo.
Zappa e Prensky afirmam que o ideal é que o professor assuma os
papéis de orientador e mediador - como já ocorre nos cursos de
educação a distância -, pois a tarefa de repetir conteúdo pode ser
feita, facilmente, por dispositivos tecnológicos. "Hoje, três dias
de conteúdo por minuto são colocados apenas no YouTube, por
exemplo. Trata-se de uma mudança ao mesmo tempo comportamental e
tecnológica", completa Zappa.
O fato é que o conceito de sala de aula que conhecemos - com um
professor, vários alunos, giz e lousa - tende a desaparecer muito
em breve. De acordo com um estudo de Zappa, até 2040, a integração
entre a tecnologia e a educação deverá crescer cada vez mais,
proporcionando mudanças, como, por exemplo, o uso cada vez maior de
ambientes virtuais, em substituição às salas de aula
presenciais.
Dentre várias outras previsões, o estrategista afirma que a
presença de recursos
tecnológicos fixos e móveis nas salas de aula - e, também, fora
delas - será cada vez mais frequente na educação; os alunos serão
mais livres para colaborar com colegas de todo o mundo; e a
avaliação tradicional deverá ser substituída por uma análise de
desempenho baseada em projetos e portfólios.
De fato a Educação é um tema que preocupa especialistas de todo
o planeta. Afinal, além da necessidade de se capacitar cada vez
mais pessoas ao redor do mundo, os avanços tecnológicos têm mudado
a forma como nos relacionamos com as informações.
Uma pesquisa divulgada em outubro de 2012 revelou que 70% dos
usuários de internet com idades entre 9 e 16 anos têm perfil
próprio em alguma rede social. Realizado pelo Centro de Estudos
sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), o
estudo também revelou que 47% desses jovens acessam a internet
diariamente ou quase todos os dias, com conexões a partir da escola
(42%), de casa (40%), de uma lanhouse(35%) ou do celular
(18%).
Assim, como a tecnologia é uma das principais aliadas, a
utilização de jogos, fóruns, blogs e até mesmo das mídias sociais
como forma de disseminar o conhecimento já é muito comum nessa
modalidade. E os avanços tecnológicos certamente vão oferecer novos
recursos para o desenvolvimento de práticas pedagógicas ainda mais
incrementadas.
Embora não surpreendam, tais dados revelam que estamos diante de
um grande paradoxo em relação ao atual modelo educacional. O
principal ponto é que, em um mundo habitado por pessoas cada vez
mais conectadas, os educadores dos diversos níveis de ensino têm de
se adaptar a essa nova realidade. Isto leva o EAD - Educação a
Distância para o centro do debate.
Depois do boom que a Educação a Distância teve entre os anos 2002
e 2008 - com crescimento de aproximadamente 100% ao ano - a
modalidade tem mantido um percentual anual de 30%, segundo o Censo
EAD.Br da ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância). No
entanto, o número de matrículas em cursos a distância aumentou mais
de 100% em 2010 com relação ao ano de 2009. A maior parte
corresponde a cursos corporativos.
Segundo dados do Censo da Educação Superior 2011, divulgados pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep) em outubro de 2012, o país soma quase 993 mil
estudantes na modalidade a distância. Porém, os números totais -
que também incluem cursos livres, técnicos, de pós-graduação e
extensão universitária - apontam um resultado bem maior. De acordo
com o censo realizado pela Associação Brasileira de Educação a
Distância (Abed), o Brasil já soma mais de 3,5 milhões de
estudantes que optaram pela modalidade.
A grande procura da EaD é explicada pela crescente necessidade de
profissionais em aperfeiçoarem seus conhecimentos. Há, portanto,
uma mudança no perfil do aluno virtual, que deixou de procurar
apenas certificação e está buscando aprimoramento e
reposicionamento no mundo do trabalho. Segundo o último censo da
ABED (2011), há cerca de dois milhões e duzentos mil alunos
virtuais no Brasil, que é um índice de certa forma contraditório se
comparado com a pesquisa do Inep citada anteriormente. Segunda a
ABED as matrículas em cursos de instituições de ensino público são
correspondentes a pouco mais de 6% deste número (com 140.123
alunos). Para quem deseja ir mais a fundo recomendo que analise as
metodologias e os dados amostrais sob a luz da estatística
aplicada, conforme preconiza o nosso Curso de Plano de
Amostragem por Atributos, por exemplo.
Dentre as vantagens que encontramos na nova modalidade de ensino
para os que procuram uma nova qualificação, destaca-se o custo -
que é aproximadamente 20% a 40% inferior ao custo de um curso
presencial - além da flexibilidade de espaço e tempo que ele
oferece. Talvez por tais benefícios, hoje uma em cada cinco pessoas
que pretendem cursar o ensino superior demonstra interesse pelo
curso a distância.
Porém a modalidade ainda enfrenta dificuldades como a relutância
de algumas instituições, de professores que temem ser substituídos
pela tecnologia, e o alto custo de produção e equipamentos
necessários para um curso de boa qualidade. Mesmo assim, o
professor e também presidente da Associação Brasileira de Educação
a Distância (ABED), Fredric Litto, afirma que pesquisas feitas por
entidades de educação apontam que "há cada vez mais aceitação e até
favorecimento de formados pela EaD porque a experiência demonstra
que essas pessoas acabam sendo funcionários e executivos mais
proativos e autônomos na organização do que o típico formado
presencialmente".
Um estudo realizado pelo Departamento de Educação dos Estados
Unidos baseado em dados dos anos de 1996 a 2008 revelam que os
alunos de cursos semipresenciais ou a distância tem, em média,
melhores resultados que estudantes presenciais dos mesmos cursos. A
Educação a Distância do Brasil condiz com resultados dos estudos
americanos. Em 2010 os alunos EaD tiveram uma média de 6,7 pontos
superiores aos alunos de cursos presenciais no Exame Nacional de
Desempenho dos Estudantes (Enade). A iniciativa de Educação a
Distância, porém, não tem como objetivo ser comparada com as
convencionais aulas presenciais, apenas visa superar preconceitos
estabelecidos na sociedade, hoje já um tanto dissolvidos.
Um bom curso EaD exige muitos investimentos. Exemplos destes são o
suporte tecnológico para todos os envolvidos (de discentes até
coordenadores), o planejamento pedagógico, os recursos para
comunicação em grupo (salas virtuais de reunião), e os
profissionais que promovem a adaptação de recursos pedagógicos
formulados por professores e tutores online.
Entendemos que o problema da aceitação ou não da tecnologia como
instrumento de auxílio para a aprendizagem não é o principal fator
que explica o fato de a maioria dos professores não falarem a
língua dos alunos, mas sim os modelos mentais construídos pelas
gerações que foram criadas no ambiente conectado e repleto de novas
tecnologias são em suas essências diferentes dos modelos mentais
desenvolvidos pelos professores, principalmente por aqueles que não
perceberam o imenso potencial da Web quando isto era ainda uma
novidade.
Hoje se exige não somente uma leitura em hipertexto, mas uma visão
do todo a partir de uma parte, além da tão somente visão
cartesiana, e de um alinhamento de percepções aparentemente
contraditórias, as quais somente são possíveis através do dialogo
construtivo como assim o era na antiga Academia Grega, fonte dos Mestres
verdadeiros que deveriam servir de inspiração para muitos
professores atuais, auxiliando-os a se transformarem em
Facilitadores e não complicadores, ao perceberem que se não
conseguem entender os mais jovens é porque não conseguem conceber
um mundo diferente do qual idealizaram como um Castelo onde
decidiram morar, mas que ficou congelado no tempo.
Fontes:
http://www.ead.senac.br/noticias/2013/06/novas-plataformas-e-um-novo-educador/
http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/4049/dados-revelam-desenvolvimento-da-educacao-a-distancia-no-brasil-e-na-unesp