"Em meu conto "A Sensação de
Poder", publicado em 1957, lancei
mão de computadores de bolso, cerca de dez anos antes de
tais
computadores se tornarem realidade. Cheguei mesmo a
considerar a possibilidade de eles contribuírem para
que as pessoas acabassem perdendo a capacidade
de fazer operações aritméticas à maneira antiga. "
(Introdução - Isaac Asimov)
Recentemente o físico britânico Stephen Hawking deu uma
entrevista 'a BBC advertindo que o
desenvolvimento de máquinas inteligentes pode
apresentar uma série de ameaças à humanidade. Afirmou:
"O desenvolvimento da inteligência artificial plena
pode significar o fim da raça
humana".
As advertências do cientista famoso acerca da Inteligência
Artificial - ( I.A. ) foram em decorrência a uma pergunta sobre o
seu novo sistema de voz. Hawking tem uma forma da
doença neurológica progressiva, chamada esclerosa lateral
amiotrófica, e utiliza um sintetizador de voz para se comunicar.
Recentemente, ele passou a utilizar um novo sistema, que utiliza
I.A. desenvolvido em parte pela empresa britânica Swiftkey, o novo sistema
aprende como Hawking, pensa e sugere palavras que ele pode querer
usar na sequência. Elon Musk, o
pioneiro do dinheiro digital, voo espacial privado e carros
elétricos, têm manifestado preocupações semelhantes.
Se I.A. torna-se uma ameaça existencial, não será o primeiro
caso a ser considerado como tal. A humanidade foi apresentada ao
risco existencial muitas vezes desde o diluvio bíblico até a
possibilidade de um choque com a queda de um grande
asteroide. Mais recentemente desde a década de 1940, com as
explosões nucleares. Desde então, temos encontrado espectros
comparáveis, como a possibilidade de um bioterrorista criar um novo
vírus para o qual a humanidade não teria defesa. A tecnologia tem
sido sempre uma faca de dois gumes, uma vez que o fogo nos manteve
quente desde os primórdios, mas também poucas faíscas incendiaram
nossas aldeias.
De fato I.A. também não é assunto novo, pois é uma expressão que
foi criada em 1955, pelo cientista da computação e matemático
americano John
McCarthy. O conceito significa que máquinas e computadores
possuem uma percepção da natureza que os rodeia e podem ter ações
que maximizem seus sucessos como programas.
Bem, até ai o conceito descrito acima é muito genérico, pois não
há como avaliar as respostas ( ações ) das maquinas no sentido de
saber o seu grau de inteligência ( complexidade ) relativa dentro
de um contexto, se comparado com ações ( respostas ) humanas em
face ao mesmo contexto e situação. Foi ai que se tornou comum
adotar o chamado Teste de
Turing, pois em 1950, na revista filosófica Mind,
Alan Turing (considerado por muitos como o Pai da computação)
publicou um artigo chamado "Computing Machine and
Intelligence".
Basicamente, este teste tem por base a comparação com uma
referência humana e funciona da seguinte
forma: um interrogador
(humano) fará perguntas para duas
entidades ocultas; uma delas
é um humano e
outra é
um computador.
A comunicação entre
o interrogador e as
entidades é feita de modo
indireto, pelo teclado, por exemplo. O
interrogador tentará, através do "diálogo" realizado entre
ele e as entidades, decidir qual dos dois
é o humano. O computador
será
programado para
se passar por
humano, e o humano
responderá de forma a confirmar
a sua condição. Se
no final do teste o
interrogador não
conseguir distinguir quem
é o humano, então
conclui-se que o
computador pode pensar. Turing criou o teste com
programas e estabeleceu uma porcentagem para definir o grau de
inteligência de um software. Caso essa tecnologia tivesse uma
resposta superior a este valor (uns dizem 30% outros 50% de
assertividade), em uma interação de perguntas e respostas,
enganando quem esteja fazendo as perguntas, ele poderia ser uma
máquina inteligente artificialmente. Todavia o grande apelo está na
aplicabilidade deste conceito na tecnologia robótica, onde a meta é
que o programa se desenvolva automaticamente, sem a necessidade de
intervenção humana. Este é o conceito central de I. A., embora não
possamos saber se ele passaria num Teste de Turing, pois o mesmo
afere a qualidade de respostas, mas não a capacidade de se aprender
com os erros.
Mas a questão ainda não esta totalmente respondida, na medida em
que a "base humana" não é uma referência confiável, pois parte do
pressuposto que somos o máximo de inteligência, o que no mínimo é
uma afirmação egoísta, no sentido literal mesmo, pois afinal ainda
não conseguimos ir muito além das respostas binárias,
frequentemente mais baseadas nos
desejos do que na Razão.
Construímos nossa percepção cognitiva do Mundo através dos 5
sentidos e a partir dai se dá a nossa ligação com o "Todo", que por
sua vez nos fala através de
símbolos, sendo que a partir de nossa visão objetiva criamos as
diferenciação entre eles e os
sinais, pois nossa percepção
cognitiva neles está totalmente inserida, já que os sinais são
a base do entendimento, registro e da comunicação da informação.
Não havendo possibilidade de registro e comunicação não há uma
forma de transmitir conhecimento, portanto, não há como avaliar a
informação em relação ao contexto geral de um grupo em sua
dimensão ontológica. Portanto a emulação da inteligência
humana, no que se trata do âmbito
Logico-matemático, Linguístico e Especial é um facilitador para
a chamada I.A., contudo nos âmbitos Musical,Corporal-cinestésico,
Intrapessoal Interpessoal, Naturalista e Existencial pode ser um
limitador, como veremos a seguir.
Assim, remetendo a questão levantada por Stephen Hawking, creio que a
melhor afirmação será dizer o que o desenvolvimento da "burrice
automática" ou a "burrice sistemática", tão comum a regimes
políticos fascistas, é que pode realmente acabar com a raça humana,
na medida em que transferimos para processos automatizados a
capacidade de tomar decisões dentro de contextos definidos por
visões míopes. Para tanto veja a seguir o depoimento de Garry
Kasparav sobre seu jogo contra o Deep Blue:
http://www.din.uem.br/ia/maquinas/relato.htm
Polemica a parte, o fato é que depois que houve este confronto e
o "homem" perdeu para a "maquina" percebeu-se um desinteresse
crescente pelo Xadrez, talvez porque a "magia" associada a
estratégia do jogo perdeu o encanto.
Leia a seguir: