Era uma vez um velho que foi
visitado pela Felicidade e que ficou tão feliz que até
esqueceu que era velho e se pôs a dançar. Dançou e dançou tanto até
se cansar e quando a noite chegou acabou por dormir em qualquer
lugar.
No dia seguinte, ao se levantar
percebeu que a vida tinha voltado ao normal. Olhou para os lados e
não estava mais lá a tal de Felicidade que tinha mudado a sua
vida. Em princípio não quis aceitar a situação da volta ao passado
que vinha vivendo, pois afinal a Felicidade era agora um
presente que infelizmente tinha se perdido e a sua vida de ruínas
lhe pareceu agora ainda mais cruel. Começou então a se questionar,
julgando até que poderia ter sido um sonho onde viveu
uma felicidade passageira, mas refletiu e concluiu que
sendo um sonho ou não a felicidade é sempre passageira.
Será?
A ideia da Felicidade não
mais lhe saia da mente e tudo o que queria agora era encontrá-la
novamente o que e o fez questionar-se:
Por que
a felicidade tinha vindo ao seu encontro se ele já não
podia fazer quase nada na vida?
Lembrou-se de que dançou porque
a Felicidade cantava uma música tão profunda e
estimulante que o fez se sentir capaz também de vibrar intensamente
como ela. De repente parou e em um relance veio a sua mente a tênue
imagem d'Ela no dia anterior - Seus olhos eram maravilhosos, mas
ela não podia ver através deles. Talvez então tenha sido um engano
e por isso é que a Felicidade tinha entrado pela sua porta,
julgou ele.
Enquanto andava pela casa
preparando seu desjejum, antes de visitar o jardim como fazia todas
as manhãs, se deparou com um papel escrito sobre a mesa da cozinha
e precipitou-se a ler, antes, porém, teve que achar os óculos que
estavam perdidos em algum lugar, esquecidos que foram na noite
anterior. Era um bilhete da Felicidade dizendo que veio
ao seu encontro porque desejava ver e somente podia fazê-lo através
de alguém que pudesse enxergar as coisas como elas realmente são. O
velho que a tudo contemplava, mas não desejava nada além de ver a
beleza de seu jardim, sentiu seus olhos umedecerem com a emoção de
perceber que ainda poderia ser útil e assim teve que retirar os
óculos para limpar as lentes que tinham ficado embaçadas, antes de
continuar a ler.
Retomando a leitura estava escrito
pela Felicidade que o estava esperando no jardim naquela
manhã e desejava ver as belezas das flores naquela primavera, mas
para isso precisava dele lá para conduzi-la. Ao ler isso o velho
nem fez seu desjejum e saiu rapidamente, indo ao encontro
da Felicidade em seu jardim.
Lá chegando tomou-a pelas mãos e a
levou a caminhar naquele Paraíso como um Maestro que conduz uma
Sinfônica. A Felicidade então começou a cantar uma música
profunda e maravilhosa.
Todos os que lá estavam então
pararam e se puseram a ouvir agradecendo ao velho por lhes trazer
a Felicidade.
Edvard Grieg - Morning Mood->http://bit.ly/2awU6QO